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Uma voz que nao deves ouvir

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Podias sentar-te no fundo do rio,
Abraçar cada calafrio.
Os seixo rolados na mão,
Sem ouvir sequer o coração.
Não respiras debaixo de água,
Afogas a tua mágoa.
Passam peixes e algas em novelos,
Que enlaçam e entrançam-te os cabelos.
A luz aquece só ao meio dia,
Teus ossos gelados p'la água fria.

Podias sentar-te na terra,
Na floresta escura ou no alto da serra.
Pedrinhas sob os teus pés descalços,
Feres-te e esqueces outros percalços.
Fecha os olhos e ouve o pulsar,
Do fundo da terra que te está a chamar.
Escava, enterra-te e sente a humidade,
Cheira a terra, sente a sua verdade.
E sente os vermes nos teus olhos e nos cabelos,
Como se enrolam, parecem novelos.

Podias sentar-te no cimo da ponte,
Olhar e ver o horizonte.
Sentir os ventos a puxar os teus cabelos,
Despenteados, parecem novelos.
Balança para trás e para a frente,
Não guardes nada na tua mente.
Deixa-te cair, suave e devagar,
Não faças o abismo esperar.
Um assobio surdo no teu ouvido,
Cola-se ao corpo o que tens vestido.

Podias sentar-te numa grande fogueira,
Derradeiramente é a melhor maneira.
Não tenhas medo da labareda,
Vê como ondula, tal qual seda.
Amar-te-á e vai lamber teus cabelos,
Que enrodilham tal como novelos,
E ardem como a tua pele e tua alma.
Já cheira a carne por demais cozinhada.
Ficará, prometo, tudo bem,
Podes esquecer e desistir também.

Não tenhas medo...


Medo da água fria,
Da terra dormente,
Do vento que te empurra da ponte,
Medo do fogo ardente.


Afoga-te e esquece.


Enterra-te e dorme.


Cai no abismo e arde.


Desiste e dorme.
Portuguese only..

Se encontrarem algo erro por favor digam-me :)
© 2011 - 2024 Ly-riane
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